domingo, 22 de setembro de 2013

Inspiração

Era 17:00 de um belo domingo. Fora uma tarde chuvosa, mas naquele momento o sol havia voltado e já estava indo embora para dar lugar a lua. Porém , o restinho de calor do sol e o cheiro de chuva eram o bastante para alguém que encontrava sentado na varanda de sua casa esperando uma inspiração para escrever uma história que fizesse uma única coisa. Que lhe tocasse.
            Foi em um único segundo que percebeu que não precisaria mais esperar a inspiração, que não precisaria criar nada, a história que esperava com tanta ansiedade lhe tocou naquele mesmo dia.
            As 10:00 daquele domingo foi ao velório de uma criança que havia morrido por causa de um tumor no fígado. Uma criança de apenas 7 anos. Você consegue imaginar tal fato? Uma criança. Quando viu aquela cena trágica, engoliu o choro em seco na mesma hora, a mãe não levantada a cabeça de cima do corpo do filho para nada. Aquele alguém não havia tido contato mais próximo com o menino, era seu primo, mas distante. Relatos sobre a personalidade do garoto era o que não faltava no velório.
            Estudioso, alegre, a alegria da casa. É espantoso saber quantas coisas esse menino não viveu. O primeiro beijo (que talvez não tenha vivido, não sei), a aprovação no vestibular, a formatura, o primeiro porre, entre tantas e tantas outras coisas que viriam a acontecer.
            O pai do garoto não conseguia parar de chorar, foi com muito esforço que disse algumas palavras.
            - Meu filho! Deus te tirou de mim! Porque ele fez isso? Tudo que você me pedia eu fazia tanto esforço para lhe dar. Lembra que você adorava um shampoo de camomila? Eu lhe disse um dia: “Filho esse shampoo está te deixando loiro” e você respondeu: “Não papai! Eu sou pretinho!”. Meu filho estava tão preocupado com as provas que já estavam chegando. Mas amanhã ele não vai mais pra escola!”
            E o pobre homem voltou a chorar com tanto que a dor dele era totalmente transparente a todos os presentes naquela sala que estava infestada do cheiro de flores e velas.
            A mãe não aguentou por muito tempo, desmaiou e se encontrava no quarto descansando.
            Estava cada vez mais difícil para aquele alguém sentado no sofá vermelho já antigo segurar o choro. Não esperou o enterro e foi logo para casa.
            No final dessa história o poeta assimilou algo: As histórias mais tocantes e inspiradoras não são as criadas, mas as vividas.


Luana Pena

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